sábado, 17 de março de 2012

    A m o r    P r ó p r i o
Depoimento de Mark Laurence:
                        Todas as tardes, quando eu saia do Jornal, ia para a minha padaria predileta. Lá tinha cheiro de pão quentinho e café, como todas as padarias, mas proporcionava um aconchego que qualquer outra fracassara. É claro que havia mais algum motivo para essa padaria ser a minha predileta: ela. Quem era ela? Uma linda garota-mulher, que todas as tardes pedia seu cappucino com chantilly e com canela e biscoitos de nata. Eu sempre tentei adivinhar a idade dela, e dentre esses numeros eu nunca acertei. Os olhos tinham a inocencia de uma criança, seu corpo era de uma adolescente delicada, mas o seu sorriso… AH, o seu sorriso era de uma mulher segura, bem resolvida na vida e feliz. Aquele sorriso esbanjava auto-confiança, sem qualquer hostilidade. Ela tinha uma aurea reconfortante, aquele tipo de energia na qual é bom ficar perto daquela pessoa. Ela me atraia. O motivo pela qual eu nunca lhe paguei um café? Eu sempre deduzi que ela devia ter algum marido ou namorado. É claro que observei que ela não tinha qualquer aliança. Mas aquele sorriso concerteza tinha algo a ver com amor correspondido.
              Numa tarde de outubro de trincar os dentes, depois de convencer-me incansavelmente de que eu poderia ter uma conversa de um homem gentil sem qualquer demonstração de interesse amoroso, sentei-me de frente para ela. Me lembro perfeitamente de seu semblante. Ela vestia um sobretudo marrom de lã, botas de “esquimó” e luvas cinza. Ela lia “O Morro dos Ventos Uivantes” e tomava o mesmo cappuccino com chantily e com canela e biscoitos de nata, ela lançou-me um lindo sorriso que desconcertou-me. Desde aquele dia em diante, depois de saber que ela não pertencia a ninguém, ela tornou-se minha. Tão minha…e tão da felicidade. Não estou convencendo-me que eu era a sua felicidade, eu era uma peça especial, a felicidade estava nela, minha presença em sua vida só fez transbordar. Mary Elizabeth tinha a felicidade em si mesma, e isso sempre completou nosso amor.
        Seu amor próprio, foi o inicio do “nós”.

Por: Rayne Oliveira

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