A luz do dia estava pálida, o sol se escondia, tornando-se minúsculo, a neve caía constantemente. Eu estava deitada naquele manto branco, parecendo um pinguim de tão cheia de agasalhos, os braços abertos, chacoalhando para marcar a neve com moldura de anjo, me lembro de um sorriso estampado em minha face, como se eu estivesse pintado, um sorriso extasiado, piscava devagar. Subitamente ouvi trotes e relinchos de cavalo, vozes gritando em língua desconhecida, rapidamente me levantei, ao longe reconheci alguns cavalos e havia homens montando-os com uniformes que nunca vira antes, e uma... multidão. Pessoas de diversas faixas etárias, deduzi que eram famílias, crianças, adultos e idosos correndo, suas faces demonstravam desespero, infelicidade e cansaço, aquela imagem fora como um soco em meu estômago, me senti tão ameaçada e desesperada como a multidão de rostos cansados. Corri em desespero, a neve era de fato um infeliz obstáculo, mas quando olhei para trás pude ver que os homens uniformizados possuíam chicotes e cordas, também havia caminhões snowplow, que hospedava gente amarrada. Meu desespero tornou-se mais urgente, a neve estava partindo, o que, felizmente facilitava minha locomoção, o céu tornou-se alaranjado, espreitei e vi que as roupas dos "rostos cansados" eram extremamente rústicas, eram trapos, meu fôlego estava "estreito" minha corrida tornou-se lenta e de repente estava no meio deles, a lentidão me tomou conta, a multidão se espalhava, um garotinho de pele cutida me puxou, me empurrando para correr, depois de muito andar, chegamos a uma vila de aparência lamentável, a multidão foi escondendo-se e os cavalos relinchavam. O garotinho cutucou meu ombro e puxou-me para dentro de uma lixeira, onde duas mulheres e três crianças também se escondiam, eles não me entediam, deduzi naquele instante que eu não falava a língua deles. - O que está acontecendo? - perguntei ingênuamente e inutilmente repetidas vezes, mas não sabiam me responder. O garoto desenhou na sujeira da lixeira um símbolo que já vira antes, o símbolo do nazismo. Logo deduzi: eles eram os tão perseguidos judeus. Refleti naquele momento, e minha mente estava de difícil entendimento. O garotinho me tirou do transe e saímos da lixeira, correndo e se escondendo, espiando a cada passo... Numa fração de segundos... um relincho... correria... eu era uma judia?... trotes em minha direção... um estalo de chicote... meu grito agoniante de dor...
Despertei... eu estava suando.
Fora um pesadelo marcante...
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